16º edição da PTASchool of Electrochemistry acontece no IQUSP

Entre 09 e 13 de janeiro ocorreu no IQUSP a 16ª edição do programa anual Paulo Teng An Sumodjo School of Electrochemistry. Trata-se de uma conferência voltada a estudantes da graduação e pós-graduação de universidades nacionais e internacionais que discute nas aulas temas relacionados à Eletroquímica. Neste ano, participaram do evento 36 estudantes vindos de universidades brasileiras e estrangeiras como Argentina, Espanha, México, Suécia e Ucrânia.

Palestraram durante o PTASchool of Electrochemistry os docentes do IQUSP Roberto M. Torresi, Susana I. Córdoba de Torresi, Mauro Bertotti e Thiago Paixão e os docentes do IQSC Germano Tremiliosi Filho e Hamilton Varela.

Durante as aulas, foram demonstrados aos estudantes diferentes fundamentos e conceitos da Eletroquímica. Roberto Torresi (IQUSP) apontou os princípios das reações reversíveis e irreversíveis em eletroquímica, destacando o papel da natureza do experimento como condição para a sua reversibilidade e o impacto de possíveis interferências no resultado. Mauro Bertotti (IQUSP) falou sobre os fundamentos da técnica de Voltametria Cíclica. Entre as demonstrações gráficas, o professor apontou a duração do experimento (time window) como um dos conceitos mais importantes neste tópico. A obra ‘A Practical Beginner’s Guide to Cyclic Voltammetry’ (2017) foi uma das indicações do professor aos estudantes. Outro tema tratado por ele foram os microeletrodos e suas vantagens em relação à utilização dos macroeletrodos — tal qual a possibilidade de obtenção de informação localizada e em ambientes de pequena escala. Também foram apresentadas nesse momento algumas pesquisas que utilizaram em suas análises os microeletrodos.

Germano Tremiliosi Filho (IQSC) abordou a espectroscopia de impedância eletroquímica, apontando as vantagens de utilização desta técnica — como a manutenção do equilíbrio do sistema, não se tratar de um método destrutivo e ainda poder ser usada em diferentes campos, como biosensores, semicondutores e supercapacitores. Susana C. Torresi (IQUSP) expôs os princípios da eletrocatálise. Como ponto chave de sua apresentação, ela trouxe a importância da nanoeletroquímica ao proporcionar ao campo da eletrocatálise as vantagens da utilização dos nanomateriais, como o aumento da superfície de exposição e o controle de seu formato. Thiago Paixão (IQUSP), coordenador do PTASchool, apresentou aos estudantes a palestra ‘Low-cost chemical sensors aimed of large-scale manufacturing’. Nela, Thiago versou sobre as vantagens do uso do papel na fabricação de sensores eletroquímicos. A proposta é possibilitar a utilização desses sensores em equipamentos portáteis, caso dos smartwatches, como uma maneira de transferir o que está na academia para o dia a dia das pessoas a um menor custo de produção e com as vantagens da portabilidade e da biocompatibilidade — que são possíveis com o uso do papel. Hamilton Varela (IQSC), na aula de encerramento, tratou da eletrocatálise em sistemas oscilatórios e a importância da pesquisa básica na eletroquímica. Varela destacou, em um breve caminho até que a pesquisa chegue à aplicação prática na sociedade, a importância do ‘Passo 1’ — que é a pesquisa. 

Como coordenador do programa, Thiago Paixão comenta a proposta do PTASchool: “A ideia que a gente tem sempre da Escola é uma diversidade — principalmente de criar temas onde a gente possa atrair áreas diferentes e estudantes de áreas diferentes. Estudantes que trabalhem com energia, dispositivos e sensores, para justamente tentar criar um ambiente onde eles possam trabalhar um pouquinho tanto a parte mais de aplicação dos dispositivos como a parte mais acadêmica”, explica ele.

As atividades da semana reservaram as manhãs para as exposições e as tardes para os experimentos. “A gente tenta escolher [as atividades] baseados em criar um ambiente onde eles possam ter a informação tanto que seja útil para a academia, de formação, como algo que eles possam levar para fazer algum produto tecnológico ou para ser utilizado em uma indústria, uma empresa. Para expandir um pouco esses limites da eletroquímica fora da academia", completa Paixão.

 

No Laboratório de Sensores Eletroquímicos e Métodos Eletroanalíticos (LSEME), coordenado pelo prof. Mauro Bertotti, os participantes conheceram como se dá o processo de produção e as possíveis utilizações dos microeletrodos [Imagem: Comunicação/IQUSP] 

 

Além das aulas, faz parte do programa o acompanhamento de experimentos, que foram realizados nos laboratórios como aprofundamento dos recortes apontados nos seminários. Durante esse momento, os inscritos foram guiados em pequenos grupos pelos alunos de doutorado e de pós-doutorado do IQUSP em seus respectivos laboratórios de atuação, onde puderam conhecer na prática o parque de equipamentos e as atividades que são desenvolvidas no Instituto. 

Ao todo, foram seis experimentos realizados em grupos nos dias 11, 12 e 13 de janeiro: Electrochemical Impedance Spectroscopy, Rotating Ring-Disc Electrode, Fabrication and Application of Microelectrodes, Paper-Based Electrochemical Sensors – ePADs, Espectro-electrochemistry: Electrochromism of Prussian Blue e Electroanalysis Under Flowing Regime. Também fez parte do cronograma o experimento Cyclic Voltammetry, feito na tarde do dia 10.

Fernanda Franco Massante é doutoranda em Química na Universidade Federal Fluminense (UFF/RJ) e aproveitou a semana para aperfeiçoar suas noções em Eletroquímica. Em seu mestrado, ela trabalhou na síntese de óxido de grafeno por meio da esfoliação eletroquímica do grafite. Ela explica que uma das motivações para a sua inscrição no programa foi a ausência de uma grade específica para eletroquímica em sua universidade. “Meu interesse foi para aprender algumas técnicas eletroquímicas. Eu trabalho com bateria e supercapacitores, já tive algum contato com algumas técnicas, mas a gente lá [na Universidade Federal Fluminense] não tem uma disciplina de eletroquímica mesmo. Então, é bom fazer parte disso, pelo menos para ter um conhecimento básico e ter um certo acesso à fundamentação teórica. Além disso, também conhecer a Universidade,  ter contato com diferentes pessoas de diferentes lugares: tem gente do Brasil inteiro, gente de fora", conta ela.

 

Paulo Teng An Sumodjo

Paulo Teng An Sumodjo, professor homenageado que nomeia a semana, foi Livre-Docente em Físico-Química pela Universidade de São Paulo e professor associado do IQUSP. Junto a outros docentes do Instituto, Paulo participou da criação da ‘School of Electrochemistry’, que posteriormente (na 10ª edição) levaria seu nome. Entre os temas de atuação e contribuição do docente estão as áreas de eletrodeposição, filmes magnéticos, filmes de diamante e filmes de óxidos.

 

Por Aldrey Olegario | Comunicação IQUSP

 
Data de Expiração: 
01/01/3050