IQUSP recebe líder da Gator para apresentar pesquisas na área de ligação molecular

No dia 17 de setembro, o Instituto de Química da USP (IQUSP) realizou o evento “Fundamentos de Interferometria de Biocamada”. A palestra foi conduzida por Benjamin Osborn, PhD e Líder de Estratégia Técnica Global da Gator (EUA), sob a mediação de Felipe Antunes. Além da sessão teórica, os participantes ainda tiveram a oportunidade de colocar em prática o que foi aprendido com o uso do equipamento Gator.

A Interferometria de Biocamada (BLI) é uma técnica que mede em tempo real as interações biomoleculares. Osborn destaca que a ligação molecular é a essência da biologia, mas é preciso entender como as moléculas interagem entre si. Assim, ele iniciou sua apresentação com os questionamentos: 

“Determinados ligantes impedem a ligação de outros? Se eu tenho uma molécula que vem e se solta rapidamente, essa molécula se comporta diferente no sentido farmacêutico, certo? Se eu tenho uma molécula que vem e fica, ela pode impedir o vírus de se ligar a outra coisa e infectar, certo?”

Durante o evento, Osborn explicou como diferentes pesquisas podem ser conduzidas com o uso do equipamento, demonstrando, por meio de gráficos, a precisão das curvas de interação coletadas. Segundo o pesquisador, é possível medir tanto a concentração das proteínas, por exemplo, quanto a sua constante de associação – ou seja, o quão rápido as moléculas se juntam ou se separam. Assim, é possível verificar qual anticorpo é melhor para cada situação. “Ter um anticorpo que se liga rapidamente significa que neutraliza mais rápido”, pontua Osbourn, ao usar como exemplo um cenário de infecção com veneno de cobra.

Para o maquinário coletar as medidas sem perder ou prejudicar o material trabalhado, é utilizada a interferência da luz – que pode ser construtiva, quando os vales e as cristas das ondas se alinham, ou destrutiva, quando os vales se encontram com as cristas, fazendo com que as ondas se anulem. No primeiro caso, é gerada uma luz mais forte, enquanto no segundo ela é mais escura. Por meio desta técnica, é possível verificar a densidade e a estrutura das proteínas, graças à diferença de caminhos percorridos pela luz em contato com a proteína. “Quanto mais proteínas se ligam, a camada fica mais espessa, de modo que a luz percorre uma distância extra, gerando mudanças no espectro de luz”, explica Osbourn. Ao apontar para a estrutura de pequenas caixas pretas no equipamento, o pesquisador completa que elas conseguem medir 10 vezes por segundo a quantidade de proteína disponível sobre a superfície de vidro. Apesar desta técnica ser útil em diferentes interesses de estudo, como aptâmeros ou nanocorpos, Osbourn alerta que medir a espessura de moléculas pequenas pode ser complicado, porque nem toda ligação molecular altera este aspecto.

O estudo ainda contempla a interação entre ligantes e analitos. O primeiro se encontra no biossensor e se liga ao segundo – que é uma molécula móvel –, para desencadear uma resposta ou inibir sua atividade. Outro detalhe do equipamento é a presença de um motor que gera calor, garantindo que os elementos permaneçam na mesma temperatura, tendo em vista que “a constante de associação é proporcional à temperatura”. Ou seja, quanto maior a temperatura, maior a energia cinética das moléculas e maior a sua taxa de colisão.

 
Por Ana Santos | Comunicação IQUSP
 

 

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Data de Expiração: 
01/01/2030

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