Dentre os vários tipos de materiais conhecidos e estudados atualmente, uma categoria em particular se caracteriza por apresentar estrutura de poros abertos. Os materiais porosos capazes de reter de maneira reversível espécies atômicas ou moleculares em seus poros de dimensões nanométricas e manter a sua integridade estrutural perfazem uma classe de compostos definidos como compostos de intercalação.

Nas estruturas lamelares passíveis de serem intercaladas, as dimensões dos poros podem se adaptar às dimensões das espécies convidadas, ou seja, os poros podem ser considerados flexíveis. A atenção sobre os materiais lamelares se deve principalmente ao fato de que a interação entre a matriz hospedeira e o convidado pode alterar significativamente suas propriedades químicas, catalíticas, eletrônicas, ópticas e mecânicas. O isolamento de materiais com propriedades interessantes e através de rotas que utilizam condições brandas de síntese (baixa temperatura, pressão ambiente etc.) tem propiciado a aplicação industrial e tecnológica de compostos de intercalação como componentes em dispositivos eletroquímicos (baterias, sensores etc) e catalisadores heterogêneos.

O trabalho de pesquisa que vem sendo desenvolvido em nosso laboratório tem avaliado rotas de síntese e proposto novas metodologias para a intercalação de espécies convidadas que possuem atividade catalítica, no intuito de aumentar a estabilidade e reatividade das mesmas, bem como alcançar maior seletividade em processos catalisados. Nossos estudos também têm avançado no sentido de promover modificações estruturais em materiais lamelares de modo a gerar poros que possibilitem a aplicações desses materiais como, por exemplo, adsorventes.

Deste modo, nosso grupo tem preparado materiais contendo espécies orgânicas (como íons alquilamônio, corantes naturais, espécies de interesse terapêutico, polímeros como polianilina, benzidina, quitosana e amido) e complexos metálicos (como porfirinas e ftalocianinas metaladas e complexos de cobre com ligantes diimínicos) inseridos nos poros de argilas catiônicas, hidróxidos duplos lamelares e niobatos lamelares.